Em 9 de maio, o elétrico e imaginativo Paulo de Toledo (P. ou P. de T, eu diria normalmente) enviou-me uma mensagem da qual, devido ao descaminho próprio a quem tem desnecessariamente mais de uma conta de e-mail, fui conhecer a existência apenas ontem.
Nela, o gentil amigo apresentou-me uma versão sua de “To a giraffe”, de Marianne Moore, cuja tradução fora postada por mim em 8 de maio.
Deliciado com a qualidade da resposta-tradução de P. à minha versão do poema de Marianne, resolvi postá-lo aqui, como justa homenagem à bem-sucedida empresa a qual se lançou o poeta santista: devolver ao poema originAL sua música magistrAL.
De poema em poema, de tradução em tradução, o Texto expande-se e reforma-se: eis o brinquedo eleito das criaturas críticas.
PARA UMA GIRAFA
Se é inadimissível, na verdade, fatal
ser pessoal e desejável
ser literal — ou mesmo prejudicial
se o olho não é inocente — quer dizer que
pode-se viver só com as folhinhas al-
cançáveis apenas ao bicho mais alto? —
do qual a girafa é o perfeito exemplo —
o animal infreqüentável.
Quando atormentada pelas coisas d’alma,
uma criatura pode ser intragável
isso poderia ser irresistível;
para ser precisa, excepcional
já que menos freqüentável
que certo emocionalmente inapto animal.
Afinal
o consolo da metafísica ocidental
pode ser profundo. A existência, em Homero,
é falha; a transcendência, condicional;
“o caminho do pecado à redenção: sem final.”
Marianne Moore (De “Tell me, tell me”, 1966)
Nela, o gentil amigo apresentou-me uma versão sua de “To a giraffe”, de Marianne Moore, cuja tradução fora postada por mim em 8 de maio.
Deliciado com a qualidade da resposta-tradução de P. à minha versão do poema de Marianne, resolvi postá-lo aqui, como justa homenagem à bem-sucedida empresa a qual se lançou o poeta santista: devolver ao poema originAL sua música magistrAL.
De poema em poema, de tradução em tradução, o Texto expande-se e reforma-se: eis o brinquedo eleito das criaturas críticas.
PARA UMA GIRAFA
Se é inadimissível, na verdade, fatal
ser pessoal e desejável
ser literal — ou mesmo prejudicial
se o olho não é inocente — quer dizer que
pode-se viver só com as folhinhas al-
cançáveis apenas ao bicho mais alto? —
do qual a girafa é o perfeito exemplo —
o animal infreqüentável.
Quando atormentada pelas coisas d’alma,
uma criatura pode ser intragável
isso poderia ser irresistível;
para ser precisa, excepcional
já que menos freqüentável
que certo emocionalmente inapto animal.
Afinal
o consolo da metafísica ocidental
pode ser profundo. A existência, em Homero,
é falha; a transcendência, condicional;
“o caminho do pecado à redenção: sem final.”
Marianne Moore (De “Tell me, tell me”, 1966)
Tradução de Paulo de Toledo
Um comentário:
maníssimo, adorei a introdução... e o "elétrico" :^]
já deixei um recadinho lá no blog.
abrações
Postar um comentário