Impossível comentar com propriedade um fragmento de Torctis. Nem o próprio A. Pattje-Russerl arriscou um tal feito, prova disso é a tradução inglesa que ele fez do clássico eterno que é “Ensinamentos morais”, cuja introdução conta-nos o essencial sobre a biografia desse grande legislador e moralista, mas não arrisca um comentário sequer sobre o texto em si. Abaixo, minha tradução, via Pattje-Russerl, de um fragmento da obra:
LXXVIII – Do bom uso do pudor
“É na ausência de pudor, mais do que na ausência de caráter, que a decadência encontra a sua [ilegível] forma mais violenta.”
“... ser despudorado, desprezível ser de indecência despropositada [...], cujo sorriso arregementador, pretensamente cúmplice, tocado de malícia lúbrica, mas estéril – é aquele que oferece suas vísceras ao suposto gozo da canalha. Há um duplo engano nesse ato, o que faz desse entreato de horrores e indelicadeza [...], um suplício intolerável.”
“Diante [da ação] funesta do homem verdadeiramente despudorado, a gente toda que o circunda almeja a morte imediata por [ilegível]. [Nessa] ocasião, todo o gozo e zombaria é de constrangimento desesperado e toda a canalha torna-se subitamente pura, nobre e leiga, redimida por essa anedota negra... [...].”
“Do bom uso do pudor”, in “Ensinamentos morais” de PETRVS IALANET TORCTIS, séc. IV, tradução em língua inglesa do original latino por Antoïc Pattje-Russerl (London, F&B, 1945)