21 de outubro de 2008

Ensaios para montar [1]

Da novíssima série "Ensaios para montar"...


Ensaio sobre o homem livre e a novidade


I

Um homem livre é um ovo que pode vingar
um homem livre. E ele é sempre novo.

Homem livre, cornucópia da razão, radar
rizoma, mera vítima da fatalidade da escolha,

refém das ciências do amor, da amizade, do aprendizado e
da cortesia, do humor e da lascividade não totalmente obscenos;

Primor de autocomiseração e auto-indulgência, pendores difíceis,
por fim, de evitar, como um foco de dolo ou um polvo de resolvo.


II

O homem livre, em seu êxodo existencial, deduz
das dúvidas, das dívidas, dos divididos, dos dias:

E ser for chato, e se for desinteressante,
se for comum, vão e ruidoso (sobretudo ruidoso)?

– “Toda a insegurança do homem livre de hoje, ou quase,
está aí amontoada na estrofe anterior”, diz P. C. Naje.

Se assim for, então será caso de fazer tudo de novo,
Usar do furor poético, do contínuo semiossurto

para aparar e guardar as rebarbas das coisas. Sempre
juntando de tudo para fazer de novo, o homem livre!



J. C. P.
outubro de 2008