Primeira versão daquele que promete ser o único "publicável" de 2010...
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A CAIXA
Um maço de cartas cingido
Frouxamente por uma fita,
Pesado das moedas que recolhemos
Na primeira viagem.
E marcadores de páginas,
De páginas arrancadas sem hesitar
Dos melhores anos, dos piores álbuns;
E convites de vernissages e casamentos
Aos quais não fomos e silenciamos
Em omissão prazerosa, pois cúmplice,
Que nos possuía na época longínqua
Em que a resistência ao alarde
Era todo o afeto que nos unia.
J. C. P.
Outubro de 2010
6 de novembro de 2010
15 de janeiro de 2010
Top 10 das imp(r)udências
Gide blefando em entrevista a Jean Amrouche: "Tenho horror ao escândalo, ao escândalo pelo escândalo... Sempre que pude, procurei evitá-lo, o que só não fiz quando foi absolutamente inevitável".
Sei, sei...
Pensei nisso ao reler esta canção de circunstância, que se perde na minha galeria trash-platônica e que renderia, sem dúvida, uma boa posição num Top 10 de imp(r)udências.
PROGNATA
Ele se sabe mestre da desgraça e
Das frágeis formas de ocultá-la.
Difícil precisar como a presunção
Pueril dependura-se
Em seu queixo projetado.
Do crânio, a proeminente
Gaveta metálica destaca-se
Ofensiva em um bico suplicante.
Reclama para si uma agressividade
Inata de destino moído a patadas.
Experimento a improvável visão
De sua regata atirada em minha cara
(Quando ela jamais saiu de seu torso).
Prognata, pureza suspeita
Sua testa refrata. O véu amigável
Oculta as tatoos, minha cobiça escarificada.
O fauno que imagino ser
Tem entre os dentes sua cabeça que pende
Por uma orelha furada.
Ele sabe, afinal, que sou letal
Feito um coala, cínica pelúcia de Austrália:
Só, eu desfio, um colo é meu exílio.
fevereiro de 2005
J. C. P.
Sei, sei...
Pensei nisso ao reler esta canção de circunstância, que se perde na minha galeria trash-platônica e que renderia, sem dúvida, uma boa posição num Top 10 de imp(r)udências.
PROGNATA
Ele se sabe mestre da desgraça e
Das frágeis formas de ocultá-la.
Difícil precisar como a presunção
Pueril dependura-se
Em seu queixo projetado.
Do crânio, a proeminente
Gaveta metálica destaca-se
Ofensiva em um bico suplicante.
Reclama para si uma agressividade
Inata de destino moído a patadas.
Experimento a improvável visão
De sua regata atirada em minha cara
(Quando ela jamais saiu de seu torso).
Prognata, pureza suspeita
Sua testa refrata. O véu amigável
Oculta as tatoos, minha cobiça escarificada.
O fauno que imagino ser
Tem entre os dentes sua cabeça que pende
Por uma orelha furada.
Ele sabe, afinal, que sou letal
Feito um coala, cínica pelúcia de Austrália:
Só, eu desfio, um colo é meu exílio.
fevereiro de 2005
J. C. P.
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