6 de maio de 2009

Os votos da teoria

Ao mestre escarninho...



O PROFESSOR

Chamam-no por vezes professor e nessa maneira
De dizer há todo um quadro, uma cena de Kaváfis
Um desenho em um jarro, uma ode ao prazer dócil
Em que o ar é denso e a luz projeta suor e poeira.

Mas o professor não se confunde com o mestre
Grego, é a primeira lição que o aprendiz retém
Seu ensino é estéril, asséptico, nenhuma verve
Nada vibra ou comove, nenhuma culpa também.

A teoria exige mais rigor quanto mais é austera,
Um catre estreito, pedras por genuflexório
São toda a regalia que espera
Em troca do “minimum epistemológico”.

Tolo e dileto preceptor, apicultor voraz
Da atenção alheia, refém de seus preferidos
E preferidas, hipócrita empedernido
Algoz do que lhe compraz.


J. C. P.
maio de 2009

Um comentário:

Anônimo disse...

Imagens difíceis de decifrar, poesia discreta... Tua cara, amigão. E o "plissado", no poema a seguir, você vem tentando faz tempo, ou é impressão minha? Muito bom.